domingo, 13 de março de 2011

O pecado original- parte 1.

O Pecado Original-I.
Redaçâo :André luis.

"E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espirito que agora opera nos filhos da desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. " - Efésios 2:1-3

Em nossos estudos anteriores vimos que o primeiro princípio do apóstolo é que não poderemos entender a grandeza do poder da salvação de Deus enquanto não compreendermos que, por natureza, o homem está espiritualmente morto. Além disso, temos que captar o fato de que ele é governado por este mundo e pela mente deste mundo, que é governado pelo princípio do mal que está operando neste mundo e que, por sua vez, é governado pelo "príncipe das potestades do ar", aquele grande chefe, o diabo, satanás, o deus deste mundo, que exerce controle sobre todos os poderes e forças que dirigem e governam os homens e determinam o tipo de vida que o homem leva neste mundo. Esse é o estado, a condição.

Como é vital que compreendamos isto! Vital não somente do ponto de vista do entendimento do evangelho, mas certamente, num sentido muito prático, absolutamente essencial para o entendimento dos tempos nos quais vivemos, internacionalmente e também num sentido nacional. Nada é tão fátuo como a idéia de que a doutrina cristã é afastada da vida. Não existe nada mais prático, e o mundo está hoje em suas atuais condições de desordem porque os homens não querem reconhecer a veracidade daquilo que a Bíblia ensina sobre o homem. Observem a situação industrial, e mesmo a financeira. Qual é o problema? Bem, o que nos dizem é que a produção não é tão alta como deveria ser. Por que não é? Essa é a questão. Por que não estamos produzindo mais? E a resposta é, obviamente, que não estamos produzindo mais porque o homem se encontra num estado de pecado. Vocês notam que digo "o homem", não "os homens". Digo "o homem" para incluir todos os homens. Não estamos produzindo quanto deveríamos produzir porque os empregadores e os empregados estão ampliando cada vez mais a sua idéia quanto à extensão do fim de semana. Isto aplica-se a todos. Se um homem tem direito de alargar o seu fim de semana, o outro tem igual direito. E todos, porque se acham em pecado e egoísmo, como vou mostrar-lhes, estão agindo assim. Daí o nosso maior problema no momento. "Donde vêm as guerras e pelejas entre vós?", pergunta Tiago, e responde a sua própria pergunta. Elas vêm "dos vossos deleites que nos vossos membros guerreiam" (4:1). E a tragédia é que o mundo e os seus líderes e estadistas, não reconhecem o ensino das Escrituras, acham que podem explicar isso noutros termos. Os diversos grupos se culpam uns aos outros, e os diversos países se culpam uns aos outros, não percebendo que todos eles estão juntos no pecado; e enquanto estiverem em pecado e forem egocêntricos e egoístas, só terão em conta a si mesmos, e o mundo continuará com seus problemas. Assim vocês vêem que esta doutrina bíblica do pecado é a coisa mais prática do mundo; e, não obstante, as pessoas a deixam de lado com desdém, e é pena, porém nisto se incluem até mesmos os cristãos. Quão distante do ensino bíblico está a comuníssima idéia de que o cristianismo é simplesmente uma coleção de numerosas máximas de moral, e que deve ir à igreja aos domingos apenas para receber algum encorajamento, para que lhe digam qual é o seu dever e que você é bom se o pratica, e nada mais. Isso nem é o começo do estudo do verdadeiro problema. Antes de podermos ter a mínima possibilidade de compreender a verdadeira natureza do problema, temos de entender o que é o homem no estado de pecado. Só então veremos claramente que nada, senão a renovação espiritual e a ação do Espírito Santo, têm possibilidade de lidar com a situação e de nos livrar em todos os aspectos. É por estas razões, pois, que estamos considerando este ensino.

Portanto, havendo examinado o homem em seu verdadeiro estado e condição, chegamos ao segundo ponto, que é a explicação da sua condição. Por que o homem se acha nessas condições? O que o levou a isso? Qual a explicação? O apóstolo responde com uma série de expressões e palavras que ele usa nestes três versículos. Vamos examiná-las. A primeira expressão importante é: "filhos da desobediência". "Em que noutro tempo", diz ele, "andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência." Que expressão significativa e importante! Que significa? Não significa apenas crianças ou filhos desobedientes. Esta é uma expressão bíblica deveras característica. Vocês encontrarão expressões semelhantes em muitos lugares. Vocês recordam como um dia o nosso Senhor voltou-Se para os judeus e lhes disse: "Vós tendes por pai o diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai" (João 8:44). Também se lembram de como, no Velho Testamento, muitas vezes vêem que certos ímpios são tratados como "filhos de Belial", ou por outra expressão semelhante. Devemos, pois, considerar a expressão como dizendo que a desobediência é a origem deste caráter distintivo. Somos filhos da desobediência no sentido de que é a desobediência que nos leva a sermos exatamente o que somos. Pois bem, é isso que o apóstolo está ressaltando aqui.

É sempre esse o ponto essencial da explicação bíblica sobre por que o homem é assim. O problema primário, essencial, é a desobediência. Foi isso que levou a todos os nossos problemas e desgraças. Noutras palavras, trata-se da nossa relação com Deus. E vocês notam que a ênfase é que o pecado não é meramente negativo, não é meramente ausência de qualidades, não é meramente ausência de alguma coisa; é positivo, é ativo, é deliberado. É des-obediência, é fuga da obediência, é questionar o direito que Deus tem de exercer o comando sobre nós, noutras palavras, é rebelião. E é isso que a Bíblia nos diz sobre o homem, do começo ao fim. O homem não é simplesmente uma pobre criatura que nunca teve chance e para com quem, portanto, vocês devem ser muito compassivos e muito tolerantes. Essa é a idéia moderna, vocês sabem. A doutrina bíblica do pecado saiu realmente do pensamento dos homens há uns sessenta ou setenta anos, e a psicologia entrou em seu lugar. É por isso que a disciplina e a punição desapareceram. A idéia agora é que, na verdade, todos nós somos, essencialmente, muito bons, e o problema é que nunca nos foi dada uma chance. O que necessitamos, dizem, é encorajamento. Não acreditamos na lei e nas sanções morais. Isso é considerado duro e cruel. O resultado disso tudo é a bancarrota da disciplina em todos os departamentos da vida no lar, na escola, nas ruas, na industria, no comércio, em toda parte. Vocês vêem como esta doutrina é vital! A Bíblia ensina que os nossos problemas decorrem todos da desobediência inicial; que o homem é um rebelde contra Deus e deliberadamente se rebela contra Deus. E, naturalmente, isso tudo provém do seu amor próprio. É a auto-afirmação do homem, o posicionamento do homem contra Deus, o seu desejo de ser deus.

Isto se desenvolve ao longo de três linhas principais. Obviamente, a primeira é que o homem nega a sua condição de criatura. Ele se opõe a isso. O homem não gosta da idéia de que ele é uma criatura feita e criada por Deus. Ele acha que esta idéia de ser ele uma criatura é um insulto a ele, algo que o diminui e que diminui a sua grandeza e glória essencial.

Ele não gosta da idéia de que há alguém acima dele, mesmo Deus. Ele gosta de pensar que o homem é supremo, está acima de todas as coisas, e pode olhar de cima para todas as coisas. Esse é o coração e o cerne da objeção do homem a Deus e da sua oposição a Deus. O homem se ofende por natureza com a idéia de que existe algo ou alguém que ele não pode abarcar com a sua mente; e quando se lhe diz que ele é tão-somente uma criatura e que a sua atitude para com o Criador, o Senhor Deus Todo-peroso, deveria ser a de humilhar-se e cair sobre o seu rosto diante de Deus, ele se opõe a isso. Acha que é um insulto, e afirma que não é uma criatura, e que além dele não existe nada. Daí vocês têm o ateísmo do homem moderno, a sua objeção a Deus e a sua negação de Deus. Isso tudo surge do fato de que ele se opõe a esta idéia de que ele é uma criatura, de que ele é alguém que Deus fez, criou e modelou para Si.

Outra maneira pela qual isto se manifesta - e obviamente decorre da primeira - é que o homem sempre quer afirmar a sua auto-suficiência pessoal. Ele acredita que ele próprio é suficiente. É evidente que a Bíblia diz exatamente o oposto - que não somente o homem foi feito por Deus e para Deus, mas também que ele é dependente de Deus, e que só pode ser feliz quando está em harmonia com Deus e quando obedece a Deus. Toda a concepção bíblica do homem é que, assim, ele se acha num estado de completa dependência de Deus e que o seu bem-estar depende da sua compreensão disso e de praticá-lo. Todavia, é claro que isso contraria o que o homem sempre achou de si mesmo. Ele sempre achou que é auto-suficiente, que tem os poderes necessários e que só precisa pô-los em exercício para fazer um mundo perfeito e uma vida perfeita para si . Ele se acha competente para comandar os seus interesses da maneira certa, e que não necessita de ajuda nem de assistência.

Por isso não há nada que ofenda tanto o homem natural como o evangelho que lhe diz que ele é salvo unicamente pela graça de Deus que ele, como um mendigo, tem que aceitar como uma dádiva gratuita. Diz ele: não afundei tanto assim, não sou perfeito, talvez, mas não sou um mendigo, há algo que eu possa fazer e que sou capaz de fazer. É a doutrina da graça que o homem odeia mais que tudo. Essa é "a ofensa" ou "o escândalo da cruz"; e isso continua existindo porque o homem acredita em sua auto-suficiência, em sua capacidade, em seu poder inerente. Essa é uma expressão da sua desobediência. Ele não quer aceitar a graça, não quer acreditar nela, rebela-se contra ela e luta contra ela.

Ou talvez possamos explicar isso da seguinte maneira: é a afirmação que o homem faz da sua autonomia, da sua independência de Deus. O homem autônomo é o que se pensa do homem que todos os modos pode gerir todos os seus interesses e que não precisa de ajuda nem de assistência de parte alguma, nem mesmo de Deus ! O homem autônomo, o homem auto-suficiente, o homem auto-determinativo, o homem independente, o homem como deus, o homem como o senhor do universo, o homem no trono e sobre um pedestal!

Certamente todos hão de reconhecer que isso nada mais é que uma descrição do homem como ele é fora da fé cristã. Ele é completamente desobediente, e se orgulha disso com arrogância. Ele promove a sua personalidade e a sua auto-suficiência. É essencial forçar a questão a esse ponto. A desobediência, como eu disse, é ativa, ativa até igualar-se à inimizade. Se não compreendermos isso, é sinal que ainda não entendemos esta doutrina. Portanto, deixem-me interpretar o que o apóstolo diz aqui com o que ele diz na Epístola aos Romanos, capítulo oito, versículo sete: "A inclinação da carne", diz ele, "é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser". Que declaração! E que importante adendo! O homem desobedece por que está em inimizade contra Deus; odeia a Deus. Ah, mas, vocês dirão, conheço muitos que não são cristãos, porém que dizem que crêem em Deus. Não, não crêem! Crêem numa ficção, num produto da sua imaginação; eles não crêem em Deus. Se cressem em Deus, creriam em seu Cristo, como o nosso Senhor mesmo argumenta em João 8:30-45. Mas não crêem. Crêem simplesmente no que eles pensam e imaginam que Deus é, no deus que eles próprios fabricaram. Isso não é Deus! "A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser."

Isso é importante, nesse sentido, que mostra que o homem, em conseqüência do pecado, em conseqüência de ser ele dominado pelo diabo e pelo princípio que este introduziu, e pela mente deste mundo, acha-se em tal estado e condição que ele não pode obedecer a Deus. É isso que o grande Martinho Lutero chamava "escravidão da vontade". Contudo, para o homem em pecado e para o homem moderno, que doutrina odiosa! "A escravidão da vontade!" A minha vontade é livre, diz o homem. O homem gosta de pensar que é absolutamente livre para escolher o que quiser, que ele pode escolher servir a Deus, se o desejar; que pode escolher ser cristão, se assim for o seu desejo. A afirmação da vontade do homem, do livre-arbítrio, é a ordem do dia. Mas a Bíblia fala em "filhos da desobediência"; e "Vós tendes por pai o diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai". Diz o nosso Senhor que você é incapaz. O homem natural não é sujeito "à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser" - ele é incapaz disso. Desde a queda de Adão, isso de livre-arbítrio, de vontade livre quanto a obedecer a Deus, não existe. Adão tinha livre-arbítrio; nunca mais ninguém o teve. A liberdade de vontade perdeu-se na Queda; nesta o homem passou a ser escravo do pecado e a estar sob o domínio do diabo. Sua vontade está presa. "Se ainda o nosso evangelho está encoberto", diz o apóstolo aos Coríntios (II Coríntios 4:3 e 4) "para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos", para que não creiam no glorioso evangelho de Cristo. O diabo não os deixa crer. "O valente guarda, armado, a sua casa, em segurança. .." (Lucas 11:21 ). Essa é a condição do homem sob o domínio do diabo; ele não é livre. Não é livre para não pecar. "Filhos da desobediência"! "Nem, em verdade, o pode ser"! É incapaz disso. Tal a profundidade em que o homem afundou em pecado. E, contudo, é aí que entra o paradoxo, por assim dizer. Apesar disso, tudo o que o homem faz, ele o faz deliberadamente. Ele quer pecar, gosta de pecar, gloria-se em pecar. Não exerce negativamente a sua vontade para pecar; o que ele não pode fazer é querer o bem positivo, o bem espiritual. É incapaz disso, e aí está porque ele precisa "nascer de novo" e ter nova natureza. Mas ele pode querer o mal, e sente prazer em praticá-lo. O que ele não percebe é que ele se tornou incapaz de querer o bem e de querer alguma coisa que esteja direcionada para a salvação. Ele não é livre para isso. Filhos da desobediência, a prole da desobediência, a progênie da desobediência! Há no universo uma mente má, e nós somos seu fruto. Esse é o ensino bíblico. Acaso não é extraordinário que alguém que tem entendimento nestas questões possa discutir isso por um momento que seja? O mundo atual está simplesmente demonstrando e provando esta verdade. Os homens e as mulheres são escravos do diabo, estão sob a escravidão do diabo; estão sob o poder e domínio de satanás. (...)

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