domingo, 13 de março de 2011

Gêneses 3-A queda.

Gênesis 3 - A queda.
Redaçâo:A ndré luis.

    &nbspO 3º capítulo de gênesis é um dos mais importantes em toda a Palavra de Deus. Freqüentemente, o que se diz de Gênesis como um todo, é peculiarmente verdadeiro deste capítulo: é o plano das gerações. Aqui estão os fundamentos sobre os quais se apóiam muitas das principais doutrinas da nossa fé. Aqui, voltamos até a fonte de uma grande quantidade de verdade Divina. Aqui, começa o grande drama que está sendo desempenhado no palco da história humana, e nem ainda 6 mil anos foram completados. Aqui, encontramos a explicação Divina da presente queda e da condição arruinada da nossa raça. Aqui, tomamos conhecimento dos planos sutis do nosso inimigo, o Diabo. Aqui, observamos a total impotência do homem para andar no caminho da justiça, quando a graça Divina lhe é retida. Aqui, descobrimos os efeitos espirituais do pecado – o homem procurando fugir de Deus. Aqui, discernimos a atitude de Deus em direção ao pecador culpado. Aqui, registramos a tendência universal da natureza humana de cobrir sua própria vergonha moral com algo elaborado por suas próprias mãos. Aqui, somos ensinados a respeito da graciosa provisão que Deus tem feito para atender nossa grande necessidade. Aqui, começa aquela maravilhosa sucessão de profecias que fluem por toda a Sagrada Escritura. Aqui, descobrimos que o homem não pode se aproximar de Deus, exceto por um mediador. Agora, daremos atenção a alguns desses assuntos profundamente importantes.
    I – A QUEDA
    O registro Divino da Queda do homem é uma refutação evidente da hipótese Darwiniana da evolução. Ao invés de ensinar que o homem começou na base de uma escada moral e está agora, vagarosamente, mas, com certeza, subindo em direção aos céus, o registro Divino declara que o homem começou no topo e caiu para a base. Além disso, rejeita enfaticamente a teoria moderna sobre Hereditariedade e Meio Ambiente. Durante os últimos 50 anos, filósofos socialistas tem ensinado que todas as doenças das quais o homem é herdeiro, são unicamente atribuíveis à hereditariedade e ao meio ambiente. Este conceito é uma tentativa de negar que o homem é uma criatura caída e de coração desesperadamente pecaminoso. Dizem que, se os legisladores tornarem possível um meio ambiente perfeito, o homem será, então, capaz de realizar seus ideais e a hereditariedade será purificada. Mas, o homem já tem sido posto à prova sob as condições mais favoráveis e não correspondeu às expectativas. Sem hereditariedade pecaminosa, nossos primeiros pais foram colocados no mais belo ambiente imaginável, um ambiente que o Próprio Deus declarou “muito bom”. Somente uma única restrição foi colocada sobre a sua liberdade, mas eles falharam e caíram. O problema com o homem não é exterior, mas interior. O que ele precisa não é de um novo lugar, mas de um novo nascimento.
Uma única restrição foi colocada sobre a liberdade do homem que advém da necessidade e natureza da circunstância. O homem é um ser responsável, responsável para servir, obedecer e glorificar seu Criador. O homem não é uma criatura independente, pois ele não se criou. Tendo sido criado por Deus, ele tem um débito para com seu Criador. Repetindo, o homem é uma criatura responsável, e, como tal, sujeito ao governo Divino. Este é o grande fato que Deus imprimiria sobre nós desde o começo da história humana. “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, não comerás”. (Gn 2:17). Não havia nenhuma outra razão pela qual o fruto desta árvore não devesse ser comido, salvo a evidente ordem de Deus. E, assim, como temos procurado mostrar, esta ordem não foi dada arbitrariamente, no real sentido da palavra, mas enfatizou o relacionamento no qual o homem permanecesse em Deus. Como uma criatura inteligente, responsável, o homem está sujeito à ordem Divina. Mas a criatura se tornou egoísta, egocêntrica, teimosa, e como resultado, desobedeceu, pecou, caiu.
    O registro da Queda merece o mais completo estudo. Canetas mais competentes do que a nossa, tem chamado atenção para os diferentes passos que levam a ações manifestas. Primeiro, a voz do tentador foi acatada (atendida). Ao invés de dizer, “Afasta-te de mim, Satanás”, Eva ouviu silenciosamente ao Maligno, desafiando a palavra de Jeová. Não somente isto, mas ela prossegue a negociar com ele. Em seguida, há uma adulteração da palavra de Deus. Eva começa a acrescentar o que Deus disse – sempre um caminho inevitável a perseguir. “Dele não comereis, nem tocareis nele” (v3). Esta última oração foi adição de Eva, e Prov 30:6 recebeu seu primeiro exemplo, “Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso”. Em seguida, ela continua a alterar a Palavra de Deus, “para que não morrais” (v3). A ponta afiada da Espada do Espírito estava cega. Finalmente, ela omite completamente o solene prenúncio de Deus, “certamente morrerás”. Quão verdadeira é a frase “E a história se repete”. Os inimigos de Deus hoje, estão trilhando o mesmo caminho: Sua Palavra ou é acrescida, alterada, ou categoricamente negada. Tendo renunciado a única fonte de luz, o ato da transgressão se tornou a conseqüência natural. O fruto proibido é, agora, considerado desejado, apanhado, comido e, dado ao seu esposo. Esta é a ordem lógica. Assim é, em resumo, a explicação Divina da entrada do pecado no nosso mundo. O homem resistiu à vontade de Deus, rejeitou a Palavra de Deus, e abandonou o caminho de Deus.
    O registro Divino da Queda é a única explicação possível da atual condição da raça humana. Só ele já explica a presença do mal num mundo feito por um Criador beneficente e perfeito. Fornece a única explicação adequada para a universalidade do pecado. Por que é que o filho do Rei, no palácio, e a filha de um regenerado, num casebre, apesar de toda proteção que o amor e atenção do homem possam imaginar, manifestam, desde a infância, uma inconfundível inclinação ao mal e tendência para pecar? Por que é que o pecado é universal, e não há império, nem nação, nem família livre desta terrível doença? Rejeite a explicação Divina e nenhuma resposta satisfatória é possível para estas perguntas. Aceite e, vemos que o pecado é universal porque todos compartilham de uma linhagem comum, todos nascem de um mesmo tronco, “Em Adão todos morrem”. Somente o registro Divino da Queda explica o mistério da morte. O homem possui uma alma imortal, por que, então, ele deveria morrer? Ele (Deus) tinha soprado no homem o Sopro do Eterno, então, por que o homem não deveria viver neste mundo para sempre? Rejeite a explicação Divina e nos deparamos com um enigma insolúvel. Aceite, receba o fato de que, “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rom 5:12), e temos uma explicação que vai ao encontro de todos fatos do caso.
    II - SATANÁS E A QUEDA
    Aqui, pela primeira vez na Escritura, nós nos deparamos com aquele personagem misterioso – o Diabo. Ele é apresentado sem qualquer explicação em relação à sua história precedente. Para nosso conhecimento de sua criação, sua existência pré-adâmica, a posição superior que ele ocupava, e sua terrível queda, dependem de outras passagens, notadamente Is 14:12-15, e Ez 28:12-19. No capítulo anterior, lições importantes foram ensinadas a respeito ao nosso grande Adversário. Aprendemos qual é a esfera de suas atividades, o método de aproximação e qual a forma de suas tentações. E aqui, também, tomamos conhecimento da certeza de sua irrevogável derrota e destruição.
    Contrário à concepção popular, que faz Satanás o autor de todos os pecados da carne, e que atribui a ele algo que nosso Senhor claramente declarou como assuntos provenientes do coração humano, nós somos aqui informados, que a esfera de sua atuação é o “reino religioso ou espiritual”. Seu objetivo principal é ficar entre a alma e Deus, afastar o coração do homem do seu Criador e inspirar confiança em si mesmo. Ele procura usurpar o lugar do Santíssimo, para fazer de Suas criaturas seus voluntários e filhos. Seu trabalho consiste em colocar suas mentiras no lugar da Divina verdade. Gênesis 3 nos dá uma amostra de suas atuações e do método que ele emprega. Estas coisas são escritas para nosso aprendizado, pois suas atividades, e o reino no qual ele trabalha, são o mesmo hoje do que o que eram no Jardim do Éden.
    O método de aproximação de Satanás era o mesmo do que é agora. ”Na verdade, disse Deus?” Ele começa lançando dúvida sobre Palavra Divina! Ele questiona sua veracidade. Ele sugere que Deus não queria dizer o que Ele tinha dito. E assim é hoje. Cada esforço que está sendo feita para negar a inspiração Divina das Escrituras, cada tentativa apresentada para desconsiderar a sua autoridade absoluta, cada ataque à Bíblia que nós, agora testemunhamos em nome da erudição, é somente uma repetição desta antiga questão, “Na verdade, disse Deus?” Em seguida, ele substitui a Palavra de Deus pela sua própria palavra, “É certo que não morrereis” (vs4). Vemos o mesmo princípio ilustrado nas duas primeiras parábolas em Mateus 13. O Senhor Jesus vai semeando a semente que é a Palavra de Deus, então o Maligno imediatamente segue e semeia o joio. E o que é lamentável é que enquanto os homens se recusam a acreditar na Palavra do Deus vivo, não obstante eles são suficientemente crédulos para aceitar as mentiras de Satanás. Assim era no começo, e assim tem sido sempre. Finalmente, ele ousa repercutir desfavoravelmente a bondade de Deus, e por em dúvida Suas perfeições. “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (v5). Em outras palavras, o Diabo, aqui, sugere que Deus estava despoticamente retendo do homem alguma coisa que seria vantajoso para ele, e, como isca, apresenta a promessa de que, se Eva crer apenas na sua mentira e não na Palavra de Deus ela será vencedora, e obterá o conhecimento e sabedoria negada a ela anteriormente. O mesmo atrativo está sendo exposto por ele diante dos olhos dos devotos do Espiritismo e da Teosofia, mas não vamos adentrar este assunto agora.
    Deve-se observar que na tentação, um triplo apelo foi feito à Eva, correspondente à natureza tripartida da constituição humana. “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer” (v6) - apelando para os sentidos do corpo; “agradável aos olhos” – apelando para a natureza dos desejos, as emoções, que tem seus lugares na alma; “e árvore desejável para dar entendimento”—apelando à inteligência, que está centrada no espírito (cf. I Co 2:11). Assim, tomamos conhecimento aqui de um fato profundamente importante, isto é, que Satanás trabalha do exterior para o interior, o que é justamente o contrário da ação Divina. Deus começa Seu trabalho no coração do homem, e a mudança causada no coração reage e transforma a vida exterior. Mas Satanás começa com o exterior e, através dos sentidos do corpo e emoções da alma, trabalha posteriormente o espírito e a razão para tal é que normalmente ele não tem acesso direto ao espírito do homem como Deus tem. Esta mesma linha seguiu-se em alusão ao nosso abençoado Senhor. “Manda que estas pedras se transformem em pão” (Mt 4:3) – apelando aos sentidos do corpo; “Atira-te abaixo”, um desafio à Sua coragem ou um apelo à natureza emocional da alma. “ ...prostrado me adorares” – um apelo ao espírito, porque nós adoramos o Pai “em espírito e em verdade”.
    III – A QUEDA E O HOMEM
    O primeiro efeito da Queda sobre Adão e Eva foi à compreensão de sua vergonha. “Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus...”. Pelo pecado, o homem obteve aquilo que não teve antes (ao menos em operação), isto é, a consciência – um conhecimento de ambos, do bem e do mal. Isto era algo que o homem não caído não possuía, pois o homem foi criado num estado de inocência e, inocência é ignorância do mal. Mas tão logo o homem participou do fruto proibido, tornou-se consciente do seu pecado, e seus olhos foram abertos para ver sua condição de caído. E consciência, e instinto moral é algo que é agora, comum à natureza humana, isto é, inerente ao homem, o que testifica sua condição caída e pecadora! Mas não somente a consciência testemunha a perversão do homem, como é também uma das marcas da obra de um Criador pessoal. A consciência não pode ser realização do homem. Ele não teria estabelecido voluntariamente um acusador, um juiz, um perseguidor, de próprio peito. De onde, então isto procede? Não é mais o resultado da educação, mas também é razão ou memória, embora possa ser cultivada como ambas(?). Consciência é a calma, serena voz de Deus na alma, testemunhando o fato de que o homem não é seu próprio mestre, mas responsável por uma lei moral que ou aprova ou reprova.
    Ao se conscientizarem de sua vergonha, Adão e Eva imediatamente se esforçaram em esconder sua nudez, cosendo aventais de folhas de figo. Este ato foi muito significativo. Ao invés de procurar por Deus e abertamente confessar sua culpa, eles tentaram se esconder de Deus e deles mesmos. Assim tem sido sempre o caminho do homem natural. A última coisa que ele irá fazer é confessar diante de Deus sua condição perdida e arruinada. Consciente de que algo está errado, ele procura se abrigar atrás de sua justiça própria e confia que sua boa obra vai compensar as más. Ir à igreja, práticas religiosas, atenção às leis, filantropia e altruísmo são as folhas de figueira que muitos, hoje, estão tecendo em aventais para cobrir sua vergonha espiritual. Mas, como aqueles que nossos primeiros pais costuraram juntos, eles não suportarão o teste da eternidade. Quando muito, eles não são mais do que coisas do tempo que rapidamente se desintegrarão no pó.
    Uma passagem no Evangelho ilustra a que estamos considerando agora – nos referimos a uma outra figueira, aquela que nosso Senhor não achou fruto. Que surpreendente a lição que nos é ensinada pela comparação dessas duas Escrituras! Por que nos contaram que Adão e Eva coseram folhas de figueira juntas? E por que somos informados de que era uma figueira que nosso Senhor amaldiçoou? Não foi para que nós as associássemos? A figueira foi a única coisa que nosso Senhor amaldiçoou enquanto Ele estava aqui na terra, e não pretendemos tomar conhecimento daquela Sua ação, e que aquela que o homem se utiliza para esconder sua vergonha espiritual está diretamente sob a maldição de Cristo, não tem frutos e está condenada a secar rapidamente!
    Mas estes aventais feitos por Adão e Eva não removeram seu senso de vergonha, pois quando ouviram a voz do Senhor Deus, “se esconderam” Dele. A consciência do homem então, não o trouxe para Deus – para isto, deve haver a obra do Espírito Santo – antes ela o apavorou e o distanciou de Deus. Nossos primeiros pais procuraram se esconder. Novamente percebemos quão característica e representativas foram suas ações. Pelo menos, tinham uma vaga concepção da distância moral que havia entre eles e o Criador. Ele era Santo, eles pecadores, consequentemente tinham medo Dele e procuravam fugir de Sua presença. Assim é com o não regenerado hoje. Apesar de toda sua vanglória, práticas religiosas, revestimentos auto-fabricados (justiça própria?), os homens são apreensivos e medrosos. Por que é que a Bíblia é tão desprezada? É porque aproxima mais o homem de Deus do que qualquer outro livro, e os homens ficam inquietos na presença de Deus e querem se esconder Dele. Por que é que o sacerdócio público da Palavra é tão pouco assistido? As pessoas vão apresentar muitas desculpas, mas o verdadeiro motivo é porque estes serviços trazem Deus para perto deles e isto os torna desconfortáveis no seu pecado, então procuram fugir Dele. Quão evidente fica, então, de que todos compartilhamos do primeiro pecado e morremos em Adão. A posição na qual o primeiro homem ficou foi federal; e por ter agido numa postura representativa é visto pelo fato de que todos seus filhos compartilham sua natureza e perpetuam sua transgressão.
    Quando Deus procurou Adão e o trouxe face a face com sua culpa, foi-lhe dado justa e total oportunidade de confessar seu pecado. “Comeste da árvore de que te ordenei que não comêsseis?” E qual foi a resposta? Como Adão valeu-se desta oportunidade? No lugar de uma confissão consternada do seu pecado, ele se desculpou – “E disse o homem: a mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi”. E foi o mesmo com Eva: “Disse o Senhor Deus à mulher: Que é isso que fizeste? E a mulher respondeu: A serpente me enganou, e eu comi”. Foi então, feita uma tentativa de atenuar o pecado passando a responsabilidade sobre outros. Que verdade maravilhosa para o século 20! Que provas honestas são estas da inspiração Divina! Mas a própria desculpa que o homem dá é a base de sua condenação. Temos uma outra ilustração deste princípio na parábola das bodas de casamento. “Comprei um campo e” “preciso” ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado”. (Lc 14:18) Onde estava o “preciso”? Justamente isto, que ele preferiu sua própria gratificação a aceitar o convite de Deus. Assim foi com Adão – “a mulher que tu me deste” – a desculpa que ele fornece é exatamente a base para sua condenação. “Visto que atendeste a voz de tua mulher e comestes da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida”. Todos esses subterfúgios foram inúteis, e o homem ficou face a face com o Santo Deus e estava convicto de sua culpa e vergonha indizível. Assim será no grande trono branco.
    Achamos, então, que os efeitos da Queda (até onde nós os consideramos) sobre o homem foram quadruplicados: a descoberta de que algo estava errado com ele mesmo; o esforço para esconder sua vergonha pelos próprios meios; medo de Deus e uma tentativa de se esconder de Sua presença; e ao invés de confessar seu pecado, procura desculpá-lo. Os mesmos efeitos são observados hoje pelo mundo.
    IV – A QUEDA E DEUS
    “E chamou o Senhor Deus a Adão e lhe disse: Onde estás?” É, sem duvida, bonito esse registro da graça Divina. Esta não era a voz de um policial, mas o chamado de um amor compassivo. Negro como se apresenta este cenário, serve apenas para revelar, mais claramente, as riquezas da Graça de Deus. Nossos primeiros pais foram altamente estimados, abençoados com tudo o que o coração poderia desejar e tiveram apenas uma única restrição colocada sobre a sua liberdade para testar sua lealdade e fidelidade ao Criador – como foi temível a queda, e quão terrível o pecado! E se Deus os tivesse entregue “aos eternos agrilhões sob as trevas” como Ele fez aos anjos quando pecaram? E se a sua ira os tivesse consumido instantaneamente? Não teria sido muito rigor? Teria sido simplesmente mera justiça. Era tudo o que eles mereciam. Mas, não. Na Sua infinita condescendência e abundante graça, Deus dignou-se a ser aquele que busca, e desceu ao Éden bradando, “Onde estás”?
    W. Griffith Thomas resumiu convincentemente o sentido desta pergunta com as seguintes palavras: “A pergunta de Deus a Adão ainda soa no ouvido de cada pecador: “Onde estás?” É o chamado da justiça Divina, a qual não pode fechar os olhos ao pecado. É o chamado do pesar Divino, que aflige o pecador. É o chamado do amor de Deus que oferece redenção do pecado. Para cada um de nós o chamado é reiterado, “Onde estás”?
Tudo o que está registrado em Gênesis 3 tem muito mais do que um sentido restrito. A atitude e ação de Deus no Éden foram típicas e características. Não foi Adão quem procurou Deus, mas Deus quem buscou Adão. E esta tem sido a ordem desde aquele dia. “Não há quem busque a Deus” (Rom 3:11). Foi Deus quem buscou e chamou Abraão enquanto ele ainda era idólatra. Foi Deus quem buscou Jacó em Betel quando ele estava fugindo das conseqüências dos seus erros. Foi Deus quem buscou Moisés enquanto era fugitivo em Midiã. Foi Cristo quem buscou os apóstolos enquanto eles estavam envolvidos com a pesca, para que Ele pudesse dizer, “Vocês não me escolheram, mas Eu os escolhi”. Foi Cristo que, no seu amor inefável, veio para buscar e salvar aquele que estava perdido. É o pastor que procura a ovelha, e não a ovelha que procura o pastor. Quão verdadeiro é “Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro”. Que possamos apreciar mais profundamente a maravilhosa condescendência da Divindade dobrando-nos tão humildemente como se nos interessássemos e buscássemos os vermes mais inferiores do pó.
    “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gen 3:15). Novamente aqui, contemplamos a abundante riqueza da Graça de Deus. Antes de julgar, Ele manifestou Sua graça; antes de expulsar os culpados do Éden, ele deu a eles uma bendita promessa e esperança. Embora Satanás tivesse levado a cabo a queda do homem, anuncia-se que Alguém viria e feriria sua cabeça. O pecado veio pela mulher, então por ela deveria vir o Salvador. Por ela veio a maldição, então por ela viria Aquele que suportaria e removeria a maldição. O paraíso foi perdido por causa da mulher, no entanto, deveria nascer dela Aquele que o resgataria. Oh, que graça – o Senhor da Glória era para ser a Semente da mulher!
    Temos aqui o começo e a semente de toda a profecia. Seria fora de nossa alçada, agora, tentar qualquer coisa que não um simples resumo do conteúdo deste maravilhoso versículo. Mas, três coisas devem ser cuidadosamente observadas. Primeiro, diz-se que deve haver inimizade entre Satanás e a mulher. Esta parte do versículo é constantemente desconsiderada por comentaristas. No entanto, é de profunda importância. A “mulher” aqui, tipifica Israel – a mulher cuja Semente prometida veio – a mulher de Apocalipse 12. Os filhos de Israel, sendo o canal designado através do qual o Messias estava para vir, tornaram-se objetos da continuada inimizade e ataque de Satanás. Todos os estudiosos das Escrituras sabem perfeitamente de que maneira maravilhosa esta profecia já se cumpriu. As “fomes” (tribulações) mencionadas em Gênesis, foram os primeiros esforços do inimigo para destruir os pais da raça escolhida. O decreto do Faraó para matar todos os primogênitos; o ataque Egípcio ao Mar Vermelho; o ataque aos cananeus em terra; o plano de Haman, todos são exemplos desta inimizade entre Satanás e a “mulher”, enquanto a contínua perseguição dos Judeus pelos gentios e a futura oposição da Besta testemunham a mesma verdade.
    Segundo, aqui são referidas duas “sementes”— um outro item que geralmente é despercebido – “tua semente” e “sua semente” – a semente de Satanás e a semente da mulher – o Anticristo e Cristo. Todas as profecias convergem para estas duas pessoas. Na primeira destas expressões, “tua semente” (semente de Satanás), temos mais do que uma alusão à natureza sobrenatural e satânica do Anticristo e seu caráter. Desde o começo, o Diabo tem sido um imitador, e o clímax não será atingido até que ele, ousadamente, imite a união hipostática das duas naturezas de nosso abençoado Senhor – Sua natureza humana e sua natureza Divina. O Anticristo será o Homem do Pecado e o Filho da Perdição, literalmente, a “semente” da serpente, -- assim como o Senhor é o Filho do Homem e o Filho de Deus em uma só pessoa. Esta é a única conclusão lógica. Se a “sua semente” termina em uma única personalidade – o Cristo – então, através de cada princípio de interpretação do som (1), “tua semente” deverá culminar em uma única pessoa – o Anticristo.
    “Sua semente”, a semente da mulher. Temos aqui o primeiro relato que se refere ao nascimento sobrenatural de nosso Salvador. Foi profetizado que Ele deveria entrar neste mundo de uma maneira sem igual. “Sua semente” – a semente da mulher, não do homem! Do cumprimento exato desta profecia, tomamos conhecimento dos dois registros inspirados que nos é dado no Novo Testamento sobre a maravilhosa concepção. Uma “virgem” conceberia uma criança e 4 mil anos depois desta predição inicial, “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (Gl. 4:4) .
    No terceiro item desta profecia maravilhosa, faz-se referência a uma dupla “pisadura” –a Semente da mulher ferirá a cabeça da Serpente, e a Serpente ferirá o seu calcanhar. A última cláusula desta profecia já se tornou história. O ferimento no calcanhar da Serpente pela semente da mulher é uma referência simbólica ao sofrimento e morte de nosso Salvador, que foi “ferido pelas nossas transgressões e iniqüidades”. Mas, a primeira destas cláusulas aguarda ser cumprida. A pisadura da cabeça da Serpente acontecerá quando o Senhor retornar à terra em pessoa e em poder, e quando “o dragão, aquela velha serpente, que é o Diabo e Satanás deverão ser amarrados (presos) por mil anos (o Milênio) e atirados no mais profundo do abismo. (Ap. 20:2,3) Novamente dizemos, que importante prova este versículo nos fornece da Divina Inspiração das Escrituras! Quem, senão Ele, que conhecia o final desde o começo, poderia dar um perfil exato da história subseqüente, e acondicioná-la nos limites deste versículo!
    “Fez o Senhor Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu” (Gn 3:21). Para explicar e expor adequadamente este versículo, muitas páginas deveriam ser escritas, mas, necessariamente, devemos nos contentar com poucas linhas. Este versículo nos dá um quadro típico da salvação de um pecador. Foi o primeiro sermão do Evangelho pregado pelo próprio Deus, não em palavras, mas em símbolo e ação. Foi uma expressão em palavras do modo pelo qual uma criatura pecadora pudesse retornar e se aproximar de seu Divino Criador. Foi a declaração inicial do fato principal que diz: “sem derramamento de sangue não há remissão”. Foi uma ilustração abençoada de substituição – a morte do inocente no lugar do culpado.
    Antes da Queda, Deus tinha definido o salário do pecado: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2:17). Deus é justo, e como Juiz de toda terra Ele deve fazer justiça. Sua lei tinha sido quebrada e a justiça exigiu a execução de sua penalidade. Mas a justiça deveria sobrepor-se à graça de Deus? Não há nenhum meio pelo qual a graça possa reinar sobre a justiça? Deus seja louvado que há, e houve. A graça quis poupar o ofensor e, porque a justiça requer morte, alguém deveria ser morto em seu lugar. O Senhor Deus vestiu Adão e Eva com peles e, para obter estas peles, animais devem ter sido mortos, a vida deve ter sido tirada, o sangue deve ter sido derramado!
    E foi neste sentido que a vestimenta foi fornecida para o caído e arruinado pecador. A aplicação do tipo é óbvia. A morte do Filho de Deus foi prefigurada. Porque o Senhor Jesus deu sua vida pelas ovelhas, Deus pode ser, agora, o justo e o justificador daquele que crê em Jesus.
    Que belo e perfeito é o tipo! Foi o Senhor Deus quem proveu as peles, coseu-as e vestiu nossos primeiros pais. Eles não fizeram nada. Deus fez tudo. Eles estavam inteiramente passivos. A mesma verdade abençoada é ilustrada na parábola do filho pródigo. Quando o peregrino tomou o lugar de uma criatura perdida e desgraçada e assumiu seu pecado, a graça do coração do pai foi revelada. “o pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o” (Lc 15:22). O filho pródigo não teve que providenciar sua roupa, nem mesmo vestiu-se, tudo foi feito pelo pai. E assim é com cada pecador. “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós; é Dom de Deus” (Ef 2:8). Bem podemos louvar, “Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça” (Is 61:10).
    E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gn 3:24). Este foi o auge da condenação Divina do primeiro pecado. Depois que a sentença do julgamento tinha passado primeiro sobre a serpente, depois sobre a mulher e, finalmente, sobre o homem, e depois que Deus graciosamente deu a eles a preciosa promessa de sustentar seus corações e fornecer uma vestimenta para cobrir sua vergonha, Adão e Eva foram colocados para fora do Paraíso. O significado moral aí é evidente. Era impossível para eles permanecerem no jardim e continuar se relacionando com o Senhor. Ele é santo, e aquele que está maculado não pode entrar na Sua presença. O pecado sempre resulta em separação. “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós” (Is 59:2).
    Aqui vemos o cumprimento da ameaça de Deus. Ele anunciou, “no dia em que comeres, certamente morrerás”. Morrer, não apenas fisicamente – há algo infinitamente pior do que isto – mas morrer espiritualmente. Assim como a morte física é a separação da alma do corpo, a morte espiritual é a separação da alma de Deus. – “Este meu filho foi morto (separado de mim) e vive novamente – restaurado para mim”. Quando se diz que pela natureza somos “mortos em delitos e pecados”, é porque os homens estão “alienados da vida de Deus pela ignorância que há neles, por causa da cegueira de seus corações” (Ef 4:18). De maneira semelhante, aquela morte judicial que aguarda todo o que morre em seus pecados – a “Segunda Morte” — não é aniquilação como muitos estão falsamente ensinando (1), mas separação eterna de Deus e eterno castigo no lago de fogo. Assim, aqui em Gn 3 temos a própria definição de Deus sobre a morte – separação Dele, evidenciada pela expulsão do homem do Éden.
    O impedimento do caminho para a árvore da vida ilustrou uma importante verdade espiritual. De algum modo peculiar, esta árvore parece ter sido um símbolo da Divina presença (Pv 3:18), e o fato de que o homem caído não tivesse direito ao acesso a ela, enfatizou a distância moral em que ele permaneceu de Deus. O pecador, como tal, não teve acesso a Deus, porque a espada da justiça impediu seu caminho, assim como o véu no Tabernáculo e no Templo impedia a entrada do homem da Divina presença. Mas, louvado seja Deus, que Alguém nos abriu um “novo e vivo” caminho a Deus, sim, aquele que é Ele mesmo o Caminho (João 14:6). E como isso se cumpriu? A justiça retirou sua espada! Ou melhor, embainhou-a na lateral do nosso adorado Salvador. Sem dúvida, aquela solene, mas preciosa palavra em Zacarias 13:7: “Desperta, ó espada contra o meu Pastor”, relembra Gênesis 3:24. E porque o Pastor foi derrotado por completo, as ovelhas são poupadas, e no Paraíso de Deus comeremos da fruta da árvore que Adão foi impedido de comer (Ap 2:7).
    Sintetizando, então, esta importante divisão de nosso assunto – Deus e a Queda – descobrimos: uma exposição de Sua condescendência em procurar o homem; uma evidência de Sua graça ao dar uma profecia abençoada e a promessa de sustentar e animar (alegrar) o coração do homem; uma demonstração de Sua graça ao providenciar uma vestimenta para a vergonha do homem; uma manifestação de Sua santidade em punir o pecado do homem; e uma prefiguração típica da urgente necessidade de um Mediador entre Deus e o homem.
NOTA: (1) Em Apocalipse 20, depois que os não redimidos são ressuscitados, eles ainda são denominados “mortos” — para sempre, mortos para Deus mesmo enquanto vivem.
CONCLUSÃO
    A filosofia de vida, como interpretada pela escola Darviniana, afirma que o pecado é meramente uma imperfeição e limitação presentes que desaparecerão gradualmente à medida que a raça humana sobe a colina da vida. As hipóteses evolucionistas, contudo, não somente negam o ensinamento de Gênesis 1, como também repudiam os fatos registrados em Gênesis 3. E aqui está o principal ponto e propósito do ataque de Satanás. Os argumentos enganosos de nossos teólogos modernos não somente tem tentado minar a autenticidade dos relatos da Criação, como tem tido sucesso em cegar o ponto de atração do Evangelho.
    Ao negar a Queda, a necessidade imperativa do Novo Nascimento foi cancelada. Pois, se o homem começou na base da escada moral – como os evolucionistas nos fazem crer – e está, agora, vagarosa mas, certamente, subindo em direção ao céu, então tudo o que ele precisa é educação e desenvolvimento (cultura). Por outro lado, se o homem começou no topo da escada, mas pelo pecado caiu até a base – como a Bíblia declara – então ele está em necessidade urgente de regeneração e justificação. Assim, o assunto levantado é vital e fundamental.
Continua ...

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