Muitos desavisados compraram e
ainda compram os livros de Russel Normam Champlin (AT e NT interpretado e
Enciclopedia), alguns até se orgulham de os ter. Nunca esqueço e agradeço
sempre a uma professora minha no tempo de seminário, irlandesa, que quando
perguntei sobre estas “obras” me disse: “ aquilo só faz ocupar lugar na estante
filho”.
Já publiquei aqui artigo sobre estes textos, e
agora vai uma entrevista com o próprio autor. Leia com cuidado, e veja como tem
gente atrás de dinheiro, editoras que se dizem cristãs, que publicam obras de “teólogos” desse quilate
prestando um desserviço aos seminaristas e pastores sem bagagem teológica para
discernir o certo do errado (o que é a maioria esmagadora).
Veja que ele diz que a doutrina
do castigo eterno é demoniaca e que a Biblia está cheia de contradições. Sua
doutrina da soteriologia é esoterismo puro, e suas obras devem estar na área de
heresiologia em qualquer biblioteca séria. Leia carta dele respondendo a algumas questões importantes.
Estimado Irmão Acir,
Recebi sua carta datada de 17 de fevereiro que levou nove dias para
chegar. Mando esta resposta com uma cópia. Também vou enviar uma cópia
para Júlio.
1. Muito obrigado por ter promovido meus interesses com a Editora Hagnos.
Prometeram publicar a Odisseia “no segundo semestre” de 2012 que
poderia ser julho – ou qualquer mês até dezembro. Mauro e Marilene, sua
esposa, têm sido muito energéticos com sua Editora e as vendas da
Trilogia (comentários sobre o AT e o NT e a Enciclopédia) têm sido
espetáculares, felizmente.
2. Tenho uma obsessão no assunto Experiências Perto da Morte (e
sob este título a Enciclopédia conta com um artigo). Também são chamadas
de Experiências Quase-Morte (EQMs). Nestas histórias temos uma valiosa
confirmação científica da existência da alma e sua sobrevivência da
morte biológica. Muitos evangélicos as rejeitam porque o amor de Deus
brilha mais fortemente do que eles pensam ser possível considerando
certas Escrituras que parecem falar o oposto. Eles estão apostando na
vitória do fogo. Aqui eu, alegremente, fico com a luz da ciência. Se
quiser tentar promover publicação desse material, faça o que pode. Sem
dúvida, neste caso, qualquer publicador quereria um número menor, talvez
selecionando algumas dentre as que enviei.
3. A doutrina do fogo eterno se originou na teologia helenista dos judeus
(o período entre o AT e o NT) e é um reflexo da obsessão dos judeus
daquele tempo de ver o fogo de Deus destruir seus inimigos. Os primeiros
textos que contém essa diabólica doutrina se encontram no livro
pseudepígrafo de I Enoque (em diversos lugares). Daí no livro apócrifo
que se chama II Esdras, esta ideia de um Deus destruidor aparece nos
capítulos 7 e 8. Infelizmente, esta doutrina irracional e brutal entrou
no NT em alguns lugares como no primeiro capitulo de II Tes e no
Apocalipse. Esta incorporação fora muito infeliz e enganadora. É uma
distorção de qualquer um que pára para pensar um pouco, e demonstra o
uso indevido de textos prova (das Escrituras) para comprovar qualquer
coisa. Não me sinto responsável por defender essa doutrina a despeito de
qualquer número de textos de prova que poderiam ser encontrados. Textos
como I Pedro 3.18-4.6 e Efésios 1.9,10 e 4.8-10 olham além dessa
doutrina horrível.
4. Sobre a inspiração das Escrituras. Qualquer um que estudou o
AT e o NT., versículo por versículo como eu, não acredita que estes
documentos não contenham erros e contradições. Estou trabalhando em
outro comentário, e tenho passado de novo através do AT e quase todo o
NT. Estou, atualmente, na exposição de Hebreus. Em quatro meses, entro
de novo no Apocalipse. Este comentário é conciso, mas além das
exposições ele apresenta 3.000 ilustrações (histórias, contos). Este
Comentário Conciso terá um total de 5.000 páginas sobre o AT e o NT
combinado em comparação com as 40.000 páginas dos comentários versículo
por versículo. Estas páginas são de computador – fonte 12, não de
páginas imprimidas. Será uma publicação inédita neste mundo. E de novo
visto opiniões contraditórias sobre algumas doutrinas quando comparando
um escritor com outro. De fato, a maior contradição é justamente como o
Novo, em pontos críticos, contradiz o AT. Salvação no AT tem uma ideia
totalmente diferente. Nesta coleção, a salvação vem através da graça,
pela fé. E a lei agora somente mostra claramente a natureza do pecado e,
de fato, fica ao lado do pecado para nos condenar – e não tem nada a
ver com salvação. Eis uma tremenda contradição e esta contradição se
encontra na sua Bíblia. É interessante observar que, numericamente, a
maior parte da Igreja ficou com Moisés, especialmente se alinhando com
Tiago, capítulo 2, no lugar de Paulo. A Igreja Católica Romana (que tem
mais do que um bilhão de membros) se alinha com Tiago (portanto com o
AT).
A Reforma Protestante era, essencialmente, uma volta para Paulo. A
Igreja Católica além de alinhar com Tiago, preserva, em espírito, os
sacramentos e ritos do AT. No NT, existem quatro estágios do Evangelho:
1. Dos Evangelho Sinóticos e Atos
2. Os avanços no Evangelho de João
3. Outros avanços nos livros de Paulo
4. Existe uma situação de contradição em Efésios 1.9-10 e 4.8-10 onde
através da missão tridimensional de Cristo (na terra, no hades e nos
céus) o Evangelho é universalizado e agora aplica a todas as almas
humanas, sem exceção. Tudo será unificado ao redor do Logos-Cristo.
O fogo do inferno foi apagado; as almas no hades subiram e agora fazem
parte da unificação. Todavia, os elementos da unificação são diversos e
não se encontram no mesmo nível de glória. Ver ponto 8, a seguir, para
explicações desta diversidade unificada. Assim, o ensino do
universalismo é evitado. Existirão remidos e restaurados, categorias de
glória diferentes. Ver na Enciclopédia o artigo sobre o Ministério da
Vontade de Deus.
5. Vamos voltar para o assunto da inspiração das Escrituras.
Acredito que todos os livros do cânon foram inspirados pelo Espírito
Santo, mas certamente, algumas partes desses livro não foram inspiradas,
mas se originaram das mentes dos homens e das suas tentativas de
explicar diversas coisas. Mas, note bem: alguns conceitos nestes livros,
às vezes, contradizem outros. Isto qualquer pessoa que estuda versículo
por versículo vai ser demonstrado amplamente. Considere a contradição
óbvia entre Tiago (cap. 2) quando comparado com o evangelho de Paulo.
Obviamente, procurando conforto mental, as denominações evangélicas
oferecem harmonias que se mostram absurdas. Há do que 20 trechos em
Gênesis que refletem tempos depois da vida de Moisés, uma observação que
faço só para jogar na mistura um fato curioso. Estou interessado na
verdade não em conforto mental. É equisito ser confortável com seus
erros. Considere este fato: A inspiração se manifesta em diversos níveis
e maneiras:
1. Passagens ditadas: O Espírito controla a mente do profeta totalmente e
coloca até as palavras certas na mente dele. Mas esta forma é somente
um dos possíveis modos de inspiração. É um erro gigantesco declarar que
todas as Escrituras foram inspiradas desta maneira. A investigação
comprova que isto é equivocado. O AT, em alguns lugares, apresenta um
Deus violento que promove a mais desgraçada violência que, dificilmente
pode ser atribuida a Deus. Por causa deste fato, Orígenes inventou a
interpretação alegórica justamente para tirar lições daquelas Escrituras
violentas sem atribuí-las a Deus.
Considere este fato: O grego do evangelho de Marcos é o “grego da rua”
não um grego de um estudioso. Este grego contém um grande número de
erros gramaticais. As traduções escondem este fato já apresentando uma
gramática correta na língua portuguesa. O “nois vai” do autor fica
corrigido para “nós vamos”, só para dar um exemplo. Mas o do evangelho
de Lucas já é um grego de um erudito médico. O grego das cartas de Paulo
é um grego nativo embora incorpore algumas construções desajeitadas. O
grego de Hebreus é um grego quase clássico, erudito e poético que Platão
podia ter escrito. Mas o do Apocalipse é um grego de alguém que falou
aramaico como sua linguagem nativa. O escritor ignora em muitos lugares a
concordância gramatical, assim corrompendo o grego. Então imagine este
cenário: O Espírito Santo inspirando o evangelho de Marcos vai para a
rua emprestar a linguagem falada aí e coloca neste evangelho. Daí
inspirando o evangelho de Lucas ele pára para receber sugestões do
médico erudito. Inspirando Hebreus ele tem uma conferência com Platão
para emprestar o grego dele para escrever este livro. Algum dia eu vou
mandar para você um carta minha escrita em português sem ser revisada e
você vai dizer que o Champlin estava me enganando com aquele bom
português nas suas cartas que não é representante da linguagem dele.
Assim você pode dizer que eu tenho perpetuado uma fraude. O meu
português é mais ou menos comparável ao grego do Apocalipse. Falando
tudo isto, eu não estou atacando o conteúdo destes livros. De fato, eles
representam uma literatura extraordinária a despeito da linguagem
utilizada. Agora fala para mim como estes livros foram ditados pelo
Espírito Santo palavra por palavra, inspiração verbal e plena.
2. Ideias Gerais: O escritor recebe uma ideia inspirada que ele
desenvolve de maneira melhor possível. O resultado depende de suas
capacidades intelectuais e espirituais. Alguns destes desenvolvimentos
demonstram as capacidades literárias dos escritores. Por exemplo, é
claro que o apóstolo Paulo era um gênio e sua capacidade literária era
excepecional (sic).
3. Através do Estudo: Anos de estudo dedicado produzem inspirações
válidas, embora sujeitas a equívocos. Por outro lado, grandes passagens
foram produzidas desta maneira. As cartas de Paulo demonstram o que um
homem estudioso pode produzir.
4. Tradições: Não são inúteis e têm contribuido com alguns finos
entendimentos. Existem tradições na Igreja que seguiram depois,
especialmente, para interpretar as Escrituras. Mas tradições são
sujeitas a exagero e equívocos. Considere Atos 7 – a defesa de Estevão
que vem das tradições judaicas e não somente das Escrituras do próprio
AT. De fato, sua defesa em alguns dos escritores e/ou seus raciocínios.
5. Interpretações inspiradas: A mente recebe intuições e raciocínios que
ajudam o intérprete a entender melhor os assuntos espirituais. Sem
dúvida, alguns trechos da Bíblia se resultaram das instituições dos
escritores e/ou seus raciocínios.
6. Inspirações além do texto: Sendo um dom do Espírito Santo, como o dom
do conhecimento (I Cor 12.8). O intérprete pode ser inspirado de vez em
quando. Até pode, às vezes, receber inspirações separadas dos textos
sagrados, como nas visões e nos sonhos espirituais. Sonhos fazem parte
da tradição profética. A inspiração é uma função complexa que incorpora
diversas modalidades. Nenhuma explicação isolada é adequada, mas algumas
pessoas ficam somente com modalidades. As pessoas que promovem somente
este meio de inspiração ou revelação são patéticas, porque agindo assim
se mostram crianças intelectuais. É parte da minha missão declarar estas
verdades.
Reconciliação com o fundamentalismo? Quando jovem, eu era um
fundamentalista radical e insuportável e assim perdi alguns anos de
minha vida em brigas e contendas. Abandonei este tipo de expressão
religiosa como pernicioso. Minha filosofia me libertou.
7. Novas revelações? Temos o AT e o NT., magníficas coleções, mas
dificilmente adequadas para sempre. Deus é maior do que coleções de
livros. Podem existir outros testamentos, um terceiro, um quarto, um
quinto, etc. Deus não está anulado por nossas noções piedosas.
Considere: bibliolatria, a adoração de um livro. Esta idolatria rouba
Deus de sua glória, colocando um ídolo no lugar de Deus. Todas as
idolatrias perniciosas.
7. Revelações fora da Bíblia Hebraica e Cristã? Acredito na
doutrina dos Logoi-spermatikoi, as sementes do Logos nas diversas
religiões não cristãs; nas filosofias, nas ciências (exatas e sociais);
na poesia, nas literaturas não especificamente religiosas; na história
humana; nas instituições humanas como nos seus governos; nas culturas;
na criação física, tão magnífica; até, de vez em quando, na política;
nas visões e nos sonhos espirituais. Aleluia! O Espírito está em muitos
lugares, plantando as sementes do Logos. Chega de limites falsos! Chega
de pensamentos infantis! Chega de exclusivismos! Deixa a Luz brilhar sem
interferências. Louvai o Logos-Christós, a fonte do nosso conhecimento
espiritual que não se limita às nossas noções exclusivistas.
8. Universalismo? Esta doutrina ensina que todos os homens,
afinal, serão salvos. Baseando-me em Efé cap. 1, acredito que os remidos
serão salvos e participarão na natureza divina (II Pedro 1.4), através
de sua transformação à imagem de Cristo (Rom 8.29). Acredito que o
número deles será relativamente pequeno. Mas, todos os não remidos serão
restaurados e todas as almas serão remidas ou restauradas.
A unidade ao redor do Logos-Cristo (Efé 1.9-10) não excluirá nenhuma
alma. Os restaurados não participarão na natureza divina, mas terão uma
glorificação secundárias, mas ainda gloriosa porque sera uma obra-prima
do Logos.
Assim falando, valorizo a forte declaração da primeira parte de Efésios
cap. 1 e a declaração generalizada dos vss 9-10. Na primeira parte deste
capítulo, encontramos uma afirmação forte sobre a eleição. Eu uso a
palavra remidos no lugar de eleitos porque esta palavra nos envolve em
controvérsia pesada. Depois a missão de Cristo garante que existirá uma
restauração generalizada (vss 9, 10). Portanto, vejo duas glórias, a
primária e a secundária. Assim ensina o Mistério da Vontade de Deus que
ultrapassa o resto do Novo Testamento: o que o amor de Deus fará em
benefício de todas as almas. O hades mandará suas almas cativas e elas
subirão para participar da unificação. Eis o Quarto Evangelho que toma o
lugar dos Evangelhos inferiores, e é, de fato, uma contradição das
velhas ideias que eram parciais, e parcialmente erradas. Este Quarto
Evangelho é a universalização do Evangelho no qual o amor de Deus brilha
sem obstáculos. Deixe esta luz brilhar. Valorizo e declaro o Amor
Incondicional do Logos-Christós.
Abandonando as controvérsias, as discussões e as dúvidas, apresentadas
acima, consideremos o valor intrínseco dos dois Testamentos (o AT e o
NT). Obviamente, são grandiosas coleções e incorporam literatura
imortal. Lendo e estudando não somente estes livros mas também aqueles
de sistemas não cristãos, posso afirmar que estes dois Testamentos são
mais impressionantes do que os outros, embora existam valiosas obras não
cristãs. Considero o Novo Testamento a maior coleção de livros já
escrita. Nosso problema não são “os problemas” mas nosso dedicado estudo
do NT. Tenho dedicado minha vida a este estudo e também a outros
caminhos de investigação que considero extremamentes importantes.
Sumariando, considero o Novo Testamento o maior documento espiritual de
todos os tempos. Esta coleção é rica, eloquente e poderosa. Quem estuda
com determinação estes livros será transformados por eles.
No amor incondicional do Logos-Cristo,
Russell Norman Champlin
__________________
Em Russell Norman Champlin e o Fundamentalismo Teológico - Entrevista
do Dr. Russell Norman Champlin concedida a Acir da Cruz Camargo. 05 de
março de 2012
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