Se você me perguntar:
Qual a diferença de um assunto para o outro? A diferença é que enquanto o
primeiro assunto tem respaldo bíblico o outro não tem.
A palavra “maldição” na
perspectiva bíblica não se refere ao nosso entendimento brasileiro de “feitiço
mau”. Esse entendimento neopentecostal de maldição é um anacronismo sincrético
(confusão de crença religiosa). Esta palavra “maldição” quer dizer outra coisa
nas línguas originais da Bíblia. Seus significados: Destruição, difamação/calúnia,
maldizer, condenação (juízo), desgraça (ausência da graça). Exemplos: Maldizer,
calúnia/difamação (Tg.3.9); destruição (Hb.6.8); condenação/julgamento
(Gl.3.10,13); desgraça (Ap.22.3).
Ninguém pode destruir
(amaldiçoar) plenamente uma pessoa a não ser Deus: “Não temais os que matam o
corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no
inferno tanto a alma como o corpo”. (Mt.10.28). E nem julgar ou condenar
(amaldiçoar): “Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e fazer
perecer; tu, porém, quem és, que julgas o próximo?” (Tg.4.12). “Não julgueis,
para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis
julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também”. (Mt.7.1,2).
As pessoas falam mal ou maldizem (amaldiçoam) do próximo. Porém, Deus não
aprova quem faz isso: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala
mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas
a lei, não és observador da lei, mas juiz”. (Tg.4.11). Também diz: “Ou não
sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: ...
nem maldizentes...
herdarão o reino de Deus”. (1Co.6.9,10). Por isso amaldiçoar no sentido de
maldizer é pecado.
Quando a Bíblia diz: “A
morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto”.
(Pv.18.21). Não tem base nenhuma para o que o neopentecostalismo ensina sobre
maldição. A palavra “poder” nesse texto está no hebraico “yad” que é uma figura
ou linguagem figurada de poder. Não há poder espiritual ou cósmico nenhum na
língua, o escritor bíblico está apenas expressando como se tivesse. Nesse caso,
está no sentido de “caluniar, difamar, maldizer, condenar” (tipo: Ec.8.4). As
palavras hebraicas que se significam “poder” espiritual ou cósmico literalmente
são: “El” (Gn.31.29) e “koach” (Êx.9.16).
Quando Jesus trata com a
figueira, a palavra dele foi de maldição, mas no sentido de “condenação”. Veja:
“E, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela, porventura,
acharia alguma coisa. Aproximando-se dela, nada achou, senão folhas; porque não
era tempo de figos. Então, lhe disse Jesus: Nunca jamais coma alguém fruto de
ti! E seus discípulos ouviram isto”. (Mc.11.13,14). Mais adiante Pedro relata: “Então,
Pedro, lembrando-se, falou: Mestre, eis que a figueira que amaldiçoaste secou”.
(idem v.21). Observe que em momento algum a interpretação do texto sofre
influências de misticismo ou esoterismo. Por quê? Por que não introduzi ao texto o
entendimento brasileiro sobre “maldição”, mantive o pensamento que está
revelado nas Escrituras. Nesse entendimento, a
expressão MALDIÇÃO HEREDITÁRIA torna-se sem sentido algum à luz da Bíblia.
Porque a “maldição” não é vista nas Escrituras como “feitiço mau”. Por isso que
os neopentecostais pregam tanto a conhecida “quebra de maldição”. Isto é,
“quebra do feitiço mau”. O erro todo nasce do entendimento equivocado de
“maldição”. Fazem um anacronismo sincrético. Ou seja, fazem uma confusão de crenças
e entendimentos religiosos quando vão para o texto bíblico que fala de
“maldição”. Isso ocorre porque o próprio neopentecostalismo é um sincretismo
religioso descarado. Uma vez que maldição
quer dizer “condenação” (ou juízo) ou “destruição” ou “desgraça (ausência da
graça) quando se refere aos atos divino. Fica sem harmonia o termo MALDIÇÃO
HEREDITÁRIA. Façamos a substituição das palavras que significam maldição na
Bíblia e veja se as frases fazem sentido:
CONDENAÇÃO HEREDITÁRIA?
DESGRAÇA HEREDITÁRIA? DESTRUIÇÃO HEREDIRÁRIA?Existe?
Basta lermos os seguintes
textos:
“A alma que pecar, essa
morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o pai, a iniqüidade do
filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá
sobre este”. (Ez.18.20).
“Que tendes vós, vós
que, acerca da terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais
comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram? Tão certo como
eu vivo, diz o SENHOR Deus, jamais direis este provérbio em Israel”. (idem v.2,3).
“Naqueles dias, já não
dirão: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram. Cada
um, porém, será morto pela sua iniqüidade; de todo homem que comer uvas verdes
os dentes se embotarão”. (Jr.31.29,30).
Ora, além de todos esses
versículos provando que tal pensamento é equivocado. Ainda temos uma pergunta
retórica que não quer calar: se Deus está condenando ou destruindo ou trazendo
desgraça a alguém quem pode quebrar isso?
Eu só conheço JESUS.
Dele está escrito: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele
próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que
for pendurado em madeiro)”. (Gl.3.13). Ora, todo o juízo (maldição) é provindo
da lei (idem v.10) conforme lemos em Deuteronômio 28.16-19 e também 1Coríntios
15.56. Torna-se mais sem sentido ainda alguém se propor quebrar essa condenação
(maldição) exceto JESUS.
ONDE ESTÁ A MALDIÇÃO
HEREDITÁRIA?
O que pode haver é que
Deus condena (amaldiçoa) alguém e os filhos sofrerem as conseqüências disso.
Mas, não a condenação em si. O fato é que não existe na Bíblia o termo e nem o
entendimento denominado MALDIÇÃO HEREDITÁRIA.
Exemplo vivencial:
Um pai de família comete
um crime, e por isso é preso. A esposa e os filhos vão sofrer as conseqüências
disso. Tipo: dificuldades financeiras (se o pai for o único provedor da casa),
vergonha, ausência paterna no lar, etc. Nada mais do que isso.
É nesse contexto que
Êxodo 20.5 diz:
“Não as adorarás, nem
lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a
iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me
aborrecem”.
Note que essa postura
divina é somente quanto ao pecado da idolatria, pois não vemos essa mesma
citação referindo-se aos demais.
ENTÃO QUAL A VISÃO
CORRETA?
A posição bíblica,
ortodoxa sobre o assunto é que há pecados que se perpetuam pelas famílias. Ou
seja, há PECADOS DE FAMÍLIAS. Dar sentido a expressão “condenação”. Isto é,
junto aos pecados de famílias vem o juízo (maldição) de Deus. E se perpetuam
(tornam-se hereditários) porque não há arrependimento. Assim, quem se envolve
na prostituição está trazendo uma iniqüidade para a sua família, que poderá ser
praticada por outros familiares. E isso não é automático, é propício que
aconteça. A Palavra de Deus diz:
“Um pouco de fermento
leveda toda a massa”. (Gl.5.9).
“Não é boa a vossa
jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?”.
(1Co.5.6).
Nisso, não há feitiço
algum. É o mau exemplo se propagando. Torna-se modelo para outros daquela
família. O mesmo ocorre com os demais pecados.
Para Satanás é mais
fácil trabalhar um pecado que já vem se desenvolvendo dentro de uma família do
que ele introduzir outro. Ele age na facilidade: “nem deis lugar ao diabo”.
(Ef.4.27).
Não si enganem, toda a
base da sociedade é a família. As iniqüidades nascem dela. Se não fosse assim o
mundo não padecia no maligno: “Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro
jaz no Maligno”. (1Jo.5.19).
Portanto, quando alguém se
arrepende de seus pecados, Deus retira de sobre essa pessoa toda a maldição
(condenação, juízo, desgraça, destruição). Só a misericórdia de Deus por meio
de Jesus Cristo pode trazer o perdão sobre tal pessoa. Se você se perguntar: o
que traz maldição para alguém? A desobediência a lei divina, o pecado. E só com
o arrependimento sincero e a entrega da vida a Cristo pode remover a maldição.
Como está escrito:
“As vossas iniqüidades
desviam estas coisas, e os vossos pecados afastam de vós o bem”. (Jr.5.25).
“Mas as vossas
iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados
encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”. (Is.59.2).
“Arrependei-vos, pois, e
convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados”. (At.3.19).
“O que encobre as suas
transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará
misericórdia”. (Pv.28.13).
“As misericórdias do
SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não
têm fim”. (Lm.3.22).
“Agora, pois, já nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. (Rm.8.1).
Todavia, Deus não removerá as
conseqüências:
“Não vos enganeis: de
Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará”.
(Gl.6.7).
Alguém, uma vez em
Cristo, e uma vez salvo e perdoado, afirmar que tem que fazer uma campanha de
quebra de maldição está negando a suficiência de Cristo e a misericórdia divina
E pior ainda: querer quebrar as conseqüências de pecados cometidos é uma afronta
a justiça de Deus. Ou se alguém quiser quebrar maldição que está sobre sua vida
sem se converter, sem se entregar a Cristo fará uma tentativa frustrada. Como
está escrito:
“Por isso, quem crê no
Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não
verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”. (Jo.3.36).
“... porque sem mim nada
podeis fazer”. (Jo.15.5).
A Deus toda glória!
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