“... Aquele que dentre vós está sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. (Jo. 8. 7)
O cineasta Cecil B. De Mille fez um filme sobre Jesus, onde retrata o episódio da mulher adúltera. Utilizando uma licença poética, o cineasta mostra Jesus escrevendo no chão os nomes dos diversos pecados: adultério, homicídio, orgulho, avareza, luxúria. O intrigante da cena é que cada vez que Jesus escreve uma palavra alguns fariseus se afastam e largam suas pedras.
O evangelista João, faz questão de citar o fato de que Jesus utiliza o dedo para escrever na terra. A cena é linda. Terra é indicativo de humanidade, e ali, a desumanidade se apresentava com suas pedras nas mãos e fúria na alma. Pedras nas mãos para tirar vidas, Jesus escrevendo com o dedo, utilizando sua mão para salvar uma vida. Jesus, tocando o pó, vai mostrando o Deus que se solidariza e escreve uma nova história, uma ficha limpa.
A história da graça passa a ser escrita. Um tempo onde não mais se pegam pedras para matar, mas para erigir memoriais. Um tempo onde os adúlteros, os pecadores, os marginalizados encontram consolo e vida. Rastros, sinais de Deus num mundo desumano. É deixar as pedras da Lei e a falsa graça de pedra.
Ainda hoje pegam-se pedras sempre que os argumentos somem. A tirania de matar em nome do sagrado (“a lei nos manda apedrejar” Jo. 8. 5) ainda impera. A natureza humana parece rebelar-se contra o sorriso e o abraço para aliar-se ao desprezo e ao não. Quantos ainda vivem sob mira das pedras? Quantas pessoas estão expostas à ira dos “fariseus da atualidade?” Nossa sorte é que Cristo ainda tem o poder de escrever uma nova história. Ele ainda o faz!
Gosto de imaginar o rosto daquela mulher quando percebeu que não havia mais ninguém. Envergonhada, ainda trêmula, emoções desnorteadas pelo terror e desespero - marcas da desumanidade - ela apenas “ouve o silêncio”. Silêncio salvador produzido por Deus. Em questão de minutos ela poderia estar morta, mas agora, está livre! Jesus quebra o silêncio: “Eu não te condeno”.
Essa, sem dúvida, foi a frase mais espetacular da vida dela. Uma mulher sem respeito, apenas marcada para morrer, estigmatizada por seu pecado, agora ouve o justo dizer: “Eu não te condeno”. Frase curta e simples, mas conseguiu muito mais do que as pedras. Só condena quem julga, e Jesus não a julgou!
Soltemos as pedras. É tempo de perdão. Pedras devem servir para a construção de memoriais, altares, catedrais para a glória do Eterno. Devem servir para edificar, não
para destruir.
Redaçâo:André Luis.
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