John MacArthur Denuncia a Linguagem Vulgar de Mark Driscoll - Parte 1
Por John MacArthur Jr
Tradução: Nelson Ávila (Aluno da Escola Charles Spurgeon).
Aparentemente,
o caminho mais curto para a relevância no ministério da igreja
atualmente é que o pastor fale sobre sexo em termos extravagantemente
explícitos durante o culto matinal de domingo. Se ele puder chocar os
paroquianos com palavras cruas e humor irreverente, tanto melhor. Os
defensores desta tendência nos informam solenemente que sem tal
estratégia é praticamente impossível se conectar com a "cultura" de
hoje. (No evangelicalismo contemporâneo, este termo tem se tornado um
rótulo conveniente para quase tudo que é inculto e grosseiro.)
Sermões
sobre sexo têm repentinamente se tornado uma grande moda no mundo
evangélico tal como a oração de Jabez jamais foi. Em todo lugar, ao que
parece, igrejas estão apresentando séries especiais sobre o assunto.
Algumas delas fazem propagandas com cartazes sugestivos, concebidos
propositadamente para ofender a sensibilidade de suas comunidades
conservadoras.
Realmente, alguns pastores têm ganhado ampla
cobertura na mídia pela edição de "desafios sexuais" para membros de
igrejas. Estes são esquemas que propõem sexo diário obrigatório para
cônjuges durante um período de tempo específico — geralmente entre sete a
quarenta dias. (Como as pessoas prestam conta disto é uma questão que
tenho medo de levantar.)
Eu seria o último a sugerir que os
pregadores evitassem totalmente o tema do sexo. A Escritura tem muito a
dizer sobre o assunto, a começar com as primeiras palavras de Deus a
Adão e Eva ("Frutificai e multiplicai-vos" — Gênesis 1:22). A lei de
Deus possui numerosos mandamentos que regem o comportamento sexual, e o
Novo Testamento reafirma repetidamente o padrão de pureza sexual do
Antigo Testamento. Finalmente, nos capítulos finais da Escritura somos
informados de que pessoas sexualmente imorais serão lançadas no lago de
fogo (Apocalipse 21:8). Portanto, não há maneira de pregar todo o
conselho de Deus sem mencionar o sexo.
Mas a linguagem que a
Escritura emprega quando lida com o relacionamento físico entre marido e
mulher é sempre cuidadosa — muitas vezes simples, algumas vezes
poética, usualmente delicada, freqüentemente silenciada por eufemismos,
mas nunca completamente explícita. Não há indício de lascívia
irreverente na Bíblia, mesmo quando o claro propósito do profeta é
chocar (como quando Ezequiel 23:20 compara a apostasia de Israel a um
ato de fornicação grosseira motivada pelo desejo de bestialidade).
Quando um ato de adultério é parte da narrativa (tal como o pecado de
Davi com Bate-Seba), ele nunca é descrito de uma maneira que agradaria
uma imaginação lasciva ou despertaria pensamentos luxuriosos.
A
mensagem da Escritura a respeito do sexo é simples e consistente do
começo ao fim: a total intimidade física dentro do casamento é pura e
deve ser desfrutada (Hebreus 13:4); mas remova o pacto do casamento da
equação e toda atividade sexual (incluindo aquela que ocorre apenas na
imaginação) nada mais é que fornicação, um pecado grave que é
especialmente profano e escandaloso — tanto que até falar
inapropriadamente a respeito é vergonhoso (Efésios 5:12).
Acima
de tudo, a Escritura nunca se rebaixa ao nível sensacionalista da
educação sexual contemporânea. A Escritura não tem um correspondente ao
Kama Sutra Hindu (um antigo manual de sexo sânscrito supostamente
transmitido pelas deidades Hindus). Nada nas Escrituras dá qualquer
vívida instrução, do tipo "como fazer", a respeito da relação física
dentro do casamento.Isto inclui o Cantares de Salomão.
De fato, o
poema amoroso de Salomão sintetiza a abordagem exatamente contrária. É,
naturalmente, um longo poema sobre namoro e amor conjugal. Ele está
cheio de eufemismos e imagens descritas. Todo o seu intuito é expressar
gentilmente, sutilmente e elegantemente a intimidade emocional e física
do amor conjugal — em linguagem adequada para qualquer público.
Mas
tem se tornado popular em certos círculos empregar extremas descrições
gráficas de intimidade física como um meio de expor os eufemismos do
poema de Salomão. À medida que esta tendência se desenvolve, cada novo
palestrante parece encontrar algo mais chocante nas metáforas que
qualquer de seus predecessores jamais sequer imaginou.
Assim,
somos informados que a linguagem poética de Sulamita ao invocar as
delícias de uma macieira (Cânticos 2:3) é uma metáfora para sexo oral. O
conforto e deleite de um simples abraço (2:6) não é nada do que parece
ser. Aparentemente é impossível descrever o que este versículo realmente
significa sem mencionar certas partes inomináveis do corpo.
Somos
ainda assegurados de que os significados chocantes escondidos nesses
textos não são meramente descritivos; eles são prescritivos. A gnose
secreta dos Cânticos de Salomão retrata atos que as mulheres devem fazer
obrigatoriamente se isto for o que satisfaz seus maridos,
independentemente do desejo ou consciência da própria esposa. Foi-me
dada recentemente uma gravação de uma dessas mensagens, onde o
palestrante dizia: "Senhoras, deixem-me garantir-lhes isto: se você acha
que está sendo suja, ele ficará muito feliz."
Tais
pronunciamentos são usualmente feitos em meio a gargalhadas ruidosas,
mas evidentemente se espera que os levemos a sério. Quando a gargalhada
se extinguiu, aquele palestrante acrescentou, "Jesus Cristo ordena que
você faça isto."
Essa abordagem não é exegese; é exploração. É
contrária ao estilo literário do próprio livro. É espiritualmente
equivalente a um ato de estupro. É rasgar o belo vestido poético dos
Cânticos de Salomão, despir aquela porção da Escritura de sua dignidade,
e apresentá-la para que seja ridicularizada e encarada com malícia de
uma maneira carnal.
Mark Driscoll tem conduzido o desfile por
este caminho carnal. Ele é de longe o proponente popular mais conhecido e
mais prolífico desta maneira de lidar com os Cânticos de Salomão. Ele
tem dito repetidamente que esta é sua passagem favorita da Escritura, e
tem se voltado para ela mais e mais nos últimos anos, culminando em uma
série altamente divulgada e lançada em vídeo ano passado via internet.
Continuo
encontrando jovens pastores que estão seguindo agora este mesmo
exemplo, e estou bastante surpreso de que esta tendência tenha sido tão
bem aceita na igreja, sem praticamente nenhuma crítica significativa e
sem levantar sérias objeções. Então, nos próximos dois dias vamos
analisar e criticar esta abordagem dos Cânticos de Salomão, incluindo
uma olhada em alguns exemplos específicos onde a linha da decência tem
sido claramente ultrapassada.
Postado em 15/09/2011
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